domingo, 22 de julho de 2012

VULTOS ANÔNIMOS DA AMAZÔNIA

DOM JOSÉ LOURENÇO DA COSTA AGUIAR, 1º BISPO DO MAZONAS.

       Dezenas, centenas e milhões de CEARENSES foram para o Amazonas em busca de dias melhores; outros com o intuito de povoar essa imensidão de terra desabitada que necessitava de um ser forte que pudesse domá-la e, este ser, sem dúvida alguma, seria o bravo povo CEARENSE que, coadjuvado com outros nordestinos DESTEMIDOS sobrepujaram as indomáveis Lendas Amazônicas. Porém, outros vieram para sentir de perto o crescimento desse Estado e fazer parte de sua história e seu crescimento. Mas, Dom José Lourenço da Costa Aguiar veio sentir de perto a alma bruta de seus indomáveis IRMÃOS CEARENSE, veio ver de perto os músculos fortes desse povo  e sentir bem próximo o coração amável de seus conterrâneos, através da fé.
     “Dom José Lourenço da Costa Aguiar, 1º Bispo do Amazonas, nasceu a nove de agosto de 1847, em Sobral, na antiga Província do Ceará”.
     “Foram seus pais o negociante Bom ventura da Costa Aguiar e Dona Joana Virgínia de Paula Aguiar, ambos, muito piedosos”.
     “Dom Lourenço foi, assim, criado num meio profundamente católico que lhe haveria de inculcar, bem cedo, o espírito da vida eclesiástica”.
     “Em Sobral (norte do Estado do Ceará) fizera os seus estudos primários e o começo do secundário”. Em 1866, seguiu para Fortaleza (Capital do Estado) em cujo afamado seminário se matriculou no 4º ano do curso, pois precisava apenas prosseguir, nos dois restantes. Distinguira-se na aplicação e no comportamento, sobretudo nas línguas portuguesa e latina.
     Ao concluir o 5º ano do seminário, fizera seus estudos de Teologia, recebendo TONSURA*. Continuando seus estudos, foi investido na ORDENAÇÃO** de subdiácono em 1868 e, sucessivamente de diácono e presbítero*** em 1869 e 1870.
     "Regressando à sua terra natal, para visitar parentes e amigos, a 8 de dezembro, daquele último ano, cantou a sua 1º Missa.
     “Na personalidade do jovem sacerdote, estava encarnada a de um filantropo”. Foi o que se verificou durante os calamitosos anos de 1877 e 1878, no Ceará, quando memorável estio devastou os sertões Nordestinos, pela fome e pela sede. Dom José Lourenço da Costa Aguiar ofereceu serviços ao governo, e praticara prodígios de atividade, na assistência aos infelizes. Ao sacerdote-modelo fora conferido o cargo de Cônego da Sé****, na capital do Estado do Ceará, Fortaleza.
     “Entretanto na política, fez-no Deputado Estadual, depois, deputado geral, na última legislatura do Império”. No Parlamento, sua voz era uma das mais ouvidas, quer pela eloquência, quer pelos objetivos das reivindicações. Homem habituado ao púlpito e às coisas divinas, seus apelos, deste logo, estavam bafejadas pela vitória.
     “Fôra nomeado Vigário-Geral do Pará e do Amazonas”. Era um posto muito elevado e de prestígio oficial, tanto mais que se tratava de uma função do governo, em face do povo.
     “Em consequência dos progressos realizados na Província Eclesiástica do Grão-Pará, era de esperar o seu desdobramento, com a criação do Bispado do Amazonas, mesmo atendendo à impossibilidade da jurisdição de tão vasto território a cargo de um só pastor”.
     "O Grande Papa, que foi Leão XIII*****, bem teria sido informado dessa necessidade, por intermédio de Dom Lourenço de Aguiar, de quem era muito amigo. Inevitavelmente, isso aconteceu. E não quer dizer outra coisa a BULA AD UNIVERSAS ORBIS ECCLESIAN, de cinco de maio de 1892, que o Sumo Pontífice decreta:
     “Para a nova Diocese” do Amazonas desmembramos, por autoridade apostólica para sempre o território do Estado desse nome, da Diocese de Belém, ao qual pertencia, o damos perpetuamente a Sé e a Cadeira Episcopal de Manaus, e elevamos à dignidade de Igreja Catedral a Igreja dedicada à Mãe de Deus Imaculada.
    “Dom José Lourenço da Costa Aguiar foi o primeiro Bispo do Amazonas, 14 de março de 1894”. 'A Sagração de Monsenhor José Lourenço da Costa Aguiar efetuou-se na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, de Petrópolis, sendo sagrado Dom Frei Jerônimo Maria Gatti, Internúncio Apostólico, e assistente o Bispo de Aegos, Dom Joaquim Arcoverde, e o de Niterói, Dom Francisco do Rego Maria.
     “A nomeação do notável Doutor da Igreja impunha-se por excelsa relevância espiritual, despertando grande entusiasmo, no seio de todas as classes sociais da Amazônia”. Como prova da assertiva, a 25 de maio do mesmo ano, 1894, um número especial de periódico 'Estado do Grão-Pará', de Belém, em forma de OLIANTEIA******, homenageou o novo Príncipe da Igreja, Nesse número, encontram-se várias apreciações consagradoras, inclusive uma exaustiva biografia do sacerdote. Em páginas memoráveis do arquivo do Professor Temístocles Pinheiro Gadelha.
     “Dom José Lourenço da Costa Aguiar, já sagrado em Petrópolis, instala solenemente seu bispado em Manaus, Amazonas, a 18 de junho de 1894”. Um de seus primeiros atos foi à nomeação do Monsenhor Francisco Benedito Coutinho, para Vigário-Geral do bispado.
     “Dom José Lourenço da Costa Aguiar era um homem erudito”. Dizem-nos os seus livros, em números reduzidos e pouco extensos, mas substanciosos, quanto se possa imaginar na altura e na densidade dos pensamentos.
     "Não é preciso ser profundo conhecedor do NHEENGATU******* ou tupi do norte, para se verificar a facilidade com que usa esse idioma, no seu 'CHRISTO MUHENÇÁUA', ao verter, do vernáculo, as principais doutrinas do credo cristão. Mas para fazê-lo, ensaia listas de palavras tupis com as suas correspondentes no português. Vejo, nesse artífice didático, um duplo sistema de ensinar a língua e a doutrina (Christu Muhençãua). (Doutrina Cristã, 1898).
     “Trata-se de uma obra curiosa pela sua extrema intuição”. É certo que o tupi se prestou para tanto, quando sabemo-la tão curiosa no artificialismo de sua aglutinação. Primitivamente monossilábica, como foi possível manter a unidade da contextura através das gerações e no maior espaço geográfico da usança?
     "É notório que esse fenômeno da filologia deveria ter seduzido Dom José Lourenço da Costa Aguiar a dedicar-se à língua que já havia, bem antes, arrastado José Martiniano de Alencar (seu conterrâneo cearense), Gonçalves Dias, Barbosa Rodrigues, Couto de Magalhães, etc. 'O Christu Muhençáua' merece divulgação, para perpetuar o idioma de Ajuricaba********.
    “Dom José Lourenço da Costa Aguiar escreveu outro opúsculo que se intitulou ‘Memoriale Confessorium’, Roma (Itália) 1899, todo em latim; trata-se de um código de ética do Sacerdote, contendo 124 itens ou sentenças”. Qualquer plataforma ou carta pastoral de um Bom Pastor não poderá fugir ao sentido do seu pensamento contextual. Como não poderia ser de outra forma, a filosofia do grande diocesano une a Religião à Moral, como duas irmãs inseparáveis. Publicação de subido valor, de 62 páginas, é a sua Pastoral lida na solene inauguração da nova Diocese do Amazonas, em Petrópolis a 11 de março de 1894. É uma peça antológica que se lê e relê, sem fastígio.
     “Dom José Lourenço da Costa Aguiar faleceu em Lisboa (PORTUGAL), a 21 de abril de 1905”. Seus restos mortais foram transladados para Manaus (AMAZONAS), sendo depositado numa cripta de mármore, ao lado direito de parte interna, da entrada principal da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, Padroeiro do Amazonas. Repousa, assim, no Templo em que, por tantas vezes, sua voz, do altar e do púlpito, ECOOUUUUUU, pedindo a Deus, mercês para o Amazonas, para o Brasil e para a humanidade.


             * Coroa de clérigo.
             **Colocação de Ordens Eclesiásticas.
             *** Padre, Sacerdote, Bispo.
            **** Dignidade Eclesiástica, religioso que vive segundo um Cânon.
            *****Como Papa - (1878-1903).
            ******Coleção de escritos em homenagem a homem ilustre.
            *******Língua Geral que falava a maioria das Tribos Indígenas da Amazônia.
            ********Herói Indígena Amazônida da FEROZ TRIBO dos MANAÓS do médio-alto Rio Negro (AMAZONAS).

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