"A filosofia é a totalidade do conhecimento".
Aristóteles
A Maçonaria buscou sua essência filosófica, nas mais diversas escolas
do pensamento humano.
É possível descobri-la entre os filósofos gregos, dos períodos romano
e helenístico. Sua identificação fica mais clara ainda, quase que em sua
totalidade, junto às escolas filosóficas modernas:
Renascimento, Racionalismo e
Iluminismo.
O grande objetivo das escolas modernas, era a liberação da
consciência humana.
Além da prática do livre pensamento, a filosofia moderna traz
impregnada em sua estrutura, um programa que vai desde a valorização da vida
natural, passando pela ciência e investigação científica, até o reconhecimento dos
valores e direitos individuais.
A Maçonaria é uma instituição universal, fundamentalmente filosófica, trabalha pelo advento da
justiça, da solidariedade e da paz entre os homens.
De acordo com o grande professor, Irmão Moisés Mussa Battal, da Grande Loja Maçônica do Chile,
a Maçonaria não é uma escola filosófica, mas uma escola do filosofar.
"A tarefa essencial da filosofia maçônica é irradiar a luz de nossos princípios e de nossos
hábitos para melhorar a condição humana. Mais que monovalente, ou seja, de uma só linha, de uma só raiz, ela
é polivalente. Tem vertentes, então, que a alimentam e ela se reparte como um delta no mundo profano. É
tradicionalista e às vezes progressista; isto parece um paradoxo, mas não o é; tradição é conservar o melhor
do passado para utiliza-lo em compreender mais o presente e preparar um porvir melhor que o presente. Ela não
é o ensinamento de um conjunto de normas e princípios; nem um pensar exclusivo e excludente; é uma reflexão
da vida e para a vida".
Em "Lições de Filosofia e Maçônica" o Irmão Moisés Mussa
Battal, traz diversas e importantes definições sobre o tema.
"A filosofia maçônica separa o valioso do sem valor nas
doutrinas e sistemas que a História conheceu; o permanente, constante,
do arcaico, e o proveitoso para o homem e a sociedade do inútil para
ele.
A filosofia maçônica coloca o homem no centro de sua preocupação e trabalha
pela crescente melhora de suas condições vitais.
A filosofia maçônica nos incita a procurar para o homem a dignidade, o
decoro, a consideração e o respeito `a sua personalidade, cinzelada nas contingências da
vida, enquanto ela se desenrola em torno de um temperamento, de uma vontade, uma
inteligência e uma vocação.
A filosofia maçônica deseja que o ser e a existência do homem girem em torno
de três valores superiores que a História destacou como as maiores conquistas da
humanidade: liberdade, igualdade e fraternidade. Ela pondera mais que nenhuma outra,
dentre as três, a fraternidade, pela transcendência e os benefícios que implica e abarca
tanto na esfera do individual como no coletivo.
A filosofia maçônica quer defender o homem da ignorância e da incultura, dos
temores e das necessidades, da exploração e das injustiças, do fanatismo do dogma, dos
tabus sobretudo da opressão e das tiranias interiores e exteriores de qualquer classe.
A filosofia maçônica deseja situar o homem numa sociedade onde reine a ordem
e o trabalho, a igualdade de possibilidades e de oportunidades, a paz e o progresso, a
competência não bastarda, mas que desenvolva as capacidades e as iniciativas, e a
cooperação e a solidariedade contidas em seu ser. Quer prepara-lo para viver e atuar
inteligente e construtivamente num regime democrático e conseguir a melhora e o
aperfeiçoamento deste seu regime, de maneira que alcance o que ele ofereça nos campos
econômico, social, cultural e político. E defende o regime democrático porque, até agora,
é o que melhor se apresentou. E o quer total e não parcial.
A filosofia maçônica quer faze-lo sentir e segurar e incorporar a seu ser e
existência esta noção da independência, da interação, da intercomunicação dos indivíduos e
dos grupos e dos povos da humanidade. Ao procurar-lhe esta consciência está fundamentando
a fraternidade humana, a paz e a solidariedade.
A filosofia maçônica mostra ao homem o incalculável valor da arte de pensar
bem e do domínio humano, pelo saber, sobre a natureza e a sociedade. Ela lhe mostra,
também, o valor incalculável do livre exame e da dúvida metódica e o domínio sobre os
meios e instrumentos que reclamam uma ação sábia, prudente e eficaz. Evidencia e
demonstra-lhe que a ciência e a lógica, em que pese sua eficiência e utilidade, não
satisfazem toda a ânsia humana de saber nem sobrepujam nem superpassam as contingências na
existência humana. Demonstra a ele que o concerto harmônico de cérebro, mão e coração é
superior a todo intelectualismo enfermiço, a todo falso ou aparatoso romantismo, a todo
predomínio controlado da técnica desumanizada. Procura fazer que sua vida se deslize
dentro do triângulo áureo da verdade, do bem e da beleza. E que uma vez organizada e
afinada sua vida, ela se ponha ao serviço do bem comum. Forma homens, forma dirigentes,
forma combatentes pela verdade e o bem. Acende no homem sua fé e seu entusiasmo em torno
das possibilidades de superação que há em todos os indivíduos e em todos os povos.
Consolida sua crença em que o superior emerge do inferior e em que um transformismo
meliorativo, que melhora a condição humana, é factível não sòmente na condição humana, mas
em toda ordem de coisas. Trata de dissipar nele toda burla e perda do sentido de
universalidade, todo resto de cepticismo infecundo e sobretudo toda mostra de dúvida
constante e cega, pirrônica. Sustenta no homem sua adesão insubornável aos poderes do
entendimento e da razão, mas sem menosprezar os aportamentos empíricos da experiência.
Leva-o a apoiar-se num positivismo científico e não estacar-se no exercício da meditação e
das lucubrações nos campos metafísicos da ontologia, da gnoseologia e da axiologia.
Reforça suas preocupações e seus estudos comparados em torno das religiões para retemperar
nela a tolerância; respeitar a inata religiosidade e abraçar um deísmo ou um gnosticismo
eqüidistante do ateísmo estéril e do teísmo anticientífico e antirracional, sempre eivado
de sectarismo e de proselitismo anacrônicos. Ele é levado a assumir uma atitude tolerante
frente ao magismo, ou seja, à magia e à parapsicologia; mas também evitar que se entregue
com entusiasmo infundado estas ocupações; logo verá, diz, a luz pelo caminho da
investigação nestes casos em particular.
A filosofia maçônica está ao lado do espiritualismo, sem deixar de
considerar e ponderar o que houver de valioso e provado nas correntes materialistas. Adere
ao postulado que está acima do individualismo e do coletivismo obsecado e segundo o qual o
indivíduo existe em, por e para a sociedade e esta, ou seja, a sociedade, existe por e
para o indivíduo. Exalta a preocupação pela existência humana, seus problemas, suas
preocupações, suas esperanças, mas sem cair nas garras do existencialismo, sobretudo do
pessimista tétrico e aniquilador.
Confirma no homem a necessidade da organização e da hierarquia, da direção,
da subordinação, dos regulamentos; da conseqüente seleção no ingresso e na ascenção, até a
formação de um agrupamento humano de elite. Da disciplina consciente e aceita; da divisão
do trabalho e da cooperação e da solidariedade institucionais.
Recorre aos continentes constantes, símbolos, números, alegorias, rituais
etc., para moldar neles os conteúdos circunstanciais das épocas históricas e manter assim
a persistência das doutrinas e dos costumes, conforme à lei de constante mudança e do
vaivém ideológico e das modas imperantes. Reforça o caráter prospectivo do homem e a
vantagem de que se fixem metas e fins preestabelecidos em sua existência, objetivos e fins
que possa alcançar, utilizando o poder, o saber, a estabilidade emocional e a serenidade.
Aproxima-se a filosofia maçônica do socratismo e do aristotelismo e mais,
ainda, do estoicismo e do senequismo, às posições renascentistas e racionalistas;
inviolavelmente adicta a Ilustração ou Iluminismo; ligada estreitamente ao criticismo
kantiano; ao espiritualismo; ao positivismo e, particularmente, ao evolucionismo e à
filosofia da vida; ela se retira certa e efetivamente da órbita de Nietzsche e de Marx, de
Sartre e de Camus que atentam contra a personalidade humana; e tem contatos, em
compensação, à distância, com o intuicionismo e os movimentos fenomenológicos prospectivos
e axiológicos.
Esta é, numa síntese abreviada, muito reduzida e quase esquemática, a
relação de como a filosofia maçônica enquadrou-se na filosofia geral e extraiu estas
posições e destas tendências".
A Maçonaria é uma Ordem Universal, formada por homens de todas as raças,
credos e nacionalidades, acolhidos por iniciação e congregados em Lojas, nas quais, por
métodos ou meios racionais, auxiliados por símbolos e alegorias, estudam e trabalham para
a construção da Sociedade Humana.
É fundada no Amor Fraternal, na esperança de que com Amor a Deus, à Pátria,
à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria,com a constante e livre
investigação da Verdade, com o progresso do Conhecimento Humano, das Ciências e das Artes,
sob a tríade - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - dentro dos princípios da Razão e da
Justiça, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.
Desse enunciado, deduzem-se os seguintes corolários:
a. A Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um
PRINCÍPIO CRIADOR, ao qual, em respeito a todas a religiões, denomina
Grande Arquiteto do Universo;
b. A Maçonaria não impõe limites à livre investigação da Verdade e, para
garantir essa liberdade, exige de todos a maior tolerância;
c. A Maçonaria é acessível aos homens de todas as classes, crenças religiosas e
opiniões políticas, excetuando aquelas que privem o homem da liberdade de consciência,
restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana, ou que exijam submissão
incondicional aos seus chefes, ou façam deles - direta ou indiretamente - instrumento de
destruição, ou ainda, privem o homem da liberdade de manifestação do pensamento;
d. A Maçonaria Simbólica se divide em três Graus, universalmente
Reconhecidos e adotados: Aprendiz, Companheiro e Mestre;
e. A Maçonaria, cujo objetivo é combater a ignorância em todas as suas
Modalidades, constitui-se numa escola mútua, impondo o seguinte
Programa:
- obedecer às leis democráticas do País;
- viver segundo os ditames da Honra;
- praticar a Justiça;
- amar ao Próximo;
- trabalhar pela felicidade do Gênero Humano, até conseguir sua emancipação
progressiva e pacífica.
f. A Maçonaria proíbe, expressamente, toda discussão religiosa-sectária
ou político-partidária em seus Templos;
g. A Maçonaria adota o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, como suas Três Grandes
Luzes Emblemáticas. Durante os trabalhos, em Loja, deverão estar sempre sobre o Altar dos
Juramentos, na forma determinada nos Rituais;
A par desta Definição de Princípios Fundamentais, e da declaração formal de aceitação
dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, a Maçonaria proclama, também, os
seguintes postulados:
I - Amar a Deus, à Pátria, à Família e à Humanidade;
II - Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo
aperfeiçoamento dos costumes;
III - Lutar pelo princípio da Eqüidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com
sua capacidade, obras e méritos;
IV - Combater o fanatismo e as paixões que acarretam o obscurantismo;
V - Praticar a Caridade e a Benemerência de modo sigiloso, sem humilhar o necessitado,
incentivando o Solidarismo, o Mutualismo, o Cooperativismo, o Seguro Social e outros meios
de Ação Social;
VI - Combater todos os vícios;
VII - Considerar o trabalho lícito e digno como dever primordial do Homem;
VIII - Defender os direitos e as garantias individuais;
IX - Exigir tolerância para com toda e qualquer forma de manifestação de consciência,
de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a Verdade, a Moral, a
Paz e o Bem Estar Social;
X - Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a se dedicarem à felicidade de seus
semelhantes, não somente porque a Razão e a Moral lhes impõem tal obrigação, mas porque
esse sentimento de solidariedade os fez Filhos Comuns do Universo e amigos de todos os
Seres Humanos.
"Lições de Filosofia Geral e Maçônica" - Palestras do Professor Moises Mussa
Battal - Editora Gazeta Maçônica - São Paulo -1991
Transcrição: Merary Castillo Venegas.
Erwin Seignemartin - Palestras e Pronunciamentos.