Criado
nos tempos libertários, que arrebatavam os brasileiros, nos primeiros anos do
século XIX, o Grande Oriente do Brasil-GOB faz 190 anos de história este
ano. Sua biografia está ligada à própria história brasileira e desde que
se instalou no país, o ideal maçônico busca o desenvolvimento no sentido de
influenciar no aprimoramento do homem. Seus ideais: ‘liberdade, igualdade e
fraternidade’ cresce e acolhe àqueles que procuram por seus ensinamentos e suas
condutas.
Segundo o Grão-Mestre Geral do GOB, Soberano Irmão Marcos José da Silva, a
maçonaria sempre esteve presente na história do Brasil. “Para nós maçons a
história do GOB em nosso país representa muito porque sempre exercitamos a ideia
do sentimento de brasilidade, esse espírito é permanente dentro da maçonaria,
seu nome e sua representação como país. A maçonaria sempre reverenciou e lutou
para que fosse mantido em elevado grau esse sentimento e será sempre assim,
porque o GOB é essencialmente cívico e brasileiro”, declara o soberano.
Fundado em 17 de junho de 1822, o GOB surgiu a partir das três lojas maçônicas
Commércio e Artes, Esperança de Nicteroy, União e Tranquilidade que formaram a
primeira obediência e lhe deu sustentação inicial. Assim, maçons com destaque
em suas atuações no campo das letras, filosofia, artes, ciências entre tantas
outras áreas fizeram parte da evolução da ordem e tiveram uma atuação marcante
em episódios sociais e políticos do país.
A Independência Brasileira.
“É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de
ser homens possam consentir em tais absurdos e despotismos... Vossa Alteza Real
deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes,
não só para o nosso bem geral, mas até para a Independência e prosperidade
futura do mesmo.” A fala proferida por José Bonifácio, em 1821 dá a dimensão do
objetivo que os maçons tinham em conquistar uma nação livre da coroa
portuguesa.
Assim, a primeira atitude desde o início das atividades foi a de influenciar na
emancipação política do Brasil em curto prazo e conquistar o sentimento de
soberania, um dos pilares que a maçonaria sempre defendeu.
O primeiro passo oficial neste sentido foi o Fico em 09 de janeiro de 1822. O
ato foi liderado pelos maçons, José Joaquim da Rocha e José Clemente Pereira, o
que representou uma desobediência à corte portuguesa e tirou o Brasil da sua
condição de colônia.
Ainda neste período, o primeiro grão mestre do GOB, José Bonifácio de Andrada,
o maçom e jornalista, Joaquim Gonçalves Ledo foram os líderes do movimento em
favor da independência, e levaram para dentro da ordem, o príncipe regente Dom
Pedro iniciado na maçonaria no dia 02 de agosto de 1822 e três dias depois
exaltado mestre maçom.
Logo após a independência proclamada, Dom Pedro I assumiu o grão mestrado.
Devido ao cenário político, o imperador acaba por suspender oficialmente as
sessões da ordem maçônica e somente em 1831, quando abdica do trono em favor de
seu filho, a maçonaria retoma as suas atividades.
Este foi um momento de força e ânimo reaquecido para os maçons. É nessa época
que o GOB faz um manifesto para todas as obediências e lojas estrangeiras
informando sobre a retomada dos trabalhos. A partir de então o GOB funciona
ininterruptamente até os dias atuais, mesmo nos anos efervescentes do período
regencial em que constantes revoluções e movimentos separatistas aconteciam em
todo o país.
A Abolição da Escravatura.
A atuação das lojas maçônicas teve um papel essencial na luta contra o período
da escravidão brasileira. No campo teórico surgiam as leis feitas por
maçons como: a lei que proibia o tráfico negreiro, em 1850, de autoria do maçom
Eusébio de Queiroz; a lei do Ventre livre, em 1871, de autoria do grão mestre
Visconde do Rio Branco e a própria Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, que teve
forte participação e influência do maçom e mentor da Princesa Isabel, José do
Patrocínio.
No campo das ações mais concretas, enquanto a abolição não ocorria plenamente,
as lojas maçônicas foram responsáveis por decretos que minimizaram a crueldade
do período como a proibição da entrada de novos maçons que fossem senhores de
escravos e que se mais tarde, viessem a possuí-los, seriam multados, àqueles
senhores que já eram maçons estabeleceu-se a obrigatoriedade de alforriarem
seus escravos. Com as importâncias arrecadadas pelas lojas maçônicas o objetivo
era a compra do máximo número possível de escravas, para que fossem alforriadas
e em consequência seus descendentes já nasceriam livres.
A República
O Brasil clamava pela República! Era uma questão de tempo, pois o regime
monárquico não condizia mais com as transformações econômicas e sociais que o
país atravessava. O ideal iluminista insuflado pelos grandes pensadores, que em
sua maioria eram os maçons, dava sinais de que a campanha republicana iria
empolgar o sentimento de nacionalidade do povo brasileiro.
Já nos idos de 1870 tem-se notícia documental de que ocorreu a Convenção
Republicana de Itu, composta basicamente de maçons que preparavam o terreno
para o que futuramente iria culminar na Proclamação da República.
Atentos a este cenário os maçons, através de várias lojas como a Vigilância e
Fé, de São Borja – RS, Loja Independência e Regeneração III, ambas de Campinas
- SP, aprovaram um manifesto contrário à continuação da monarquia e enviaram a
todas as Lojas Maçônicas do Brasil, para que tomassem conhecimento e que
apoiassem esta causa. E mais uma vez a maçonaria estava à frente para
liderar um Movimento Democrático.
Uma semana antes da proclamação, um acontecimento importante foi a reunião na
casa do maçom Benjamin Constant. Lá foi decidido que haveria a pressão pela
queda do Império. Ao anfitrião ficou a incumbência de convencer o Marechal
Deodoro da Fonseca a se juntar ao ideário republicano, e por fim, após êxito na
ação, o Marechal assumiu o comando do movimento e proclamou em 15 de novembro
de 1889, a República no Brasil.
Durante o período republicano os maçons tiveram uma participação relevante,
tanto no movimento para a Proclamação da República, como nos primeiros anos do
governo influenciando diretamente nos rumos político e econômico do país. Dos
14 presidentes da Primeira República que vai até 1930, no início do Governo
Vargas, nove foram maçons refletindo a importância daquela elite pensante
naquele momento.
Foram eles: Deodoro da Fonseca (1889 – 1891); Floriano Peixoto (1891 - 1894);
Prudente de Morais (1894 - 1898); Campos Salles (1898 - 1902); Nilo Peçanha
(1909 - 1910); Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914); Venceslau Brás (1914 -
1918); Delfim Moreira (1918 - 1919); Washington Luis (1926 - 1930). Após o
período de Getúlio Vargas, Café Filho (1954 - 1955); Nereu de Oliveira Ramos
(1955 - 1956); Jânio da Silva Quadros (1961 - 1965) assumiram a presidência do
Brasil.
Com a mudança da capital federal para Brasília foi somente a 1978 que o Grão
Mestre, Osíris Teixeira, num de seus primeiros atos transferiu a sede do Grande
Oriente do Brasil, do Rio de Janeiro fazendo-se cumprir a legislação maçônica
prevista. “Foi um processo muito complicado, pois, apesar da capital ter mudado
em 1960, somente 18 anos depois é que veio efetivamente para Brasília, houve
resistência, mas a legislação maçônica foi mantida acima de qualquer
interesse.”, declara o curador do Museu Ariovaldo Vulcano, Sr. Luiz Alberto
Chaves.
O GOB e a atualidade.
Com mais de 2715 lojas, reconhecida por mais de 28 obediências e 300 maçonarias
no mundo, o GOB com seus cerca de 72 mil obreiros ativos é hoje a maior
obediência maçônica da América latina e se firma como uma secular instituição
que - como é característico das instituições verdadeiramente relevantes e
duradouras - se reinventa para responder aos desafios e às necessidades de um
espaço de tradição e convivência sadia, com ações filantrópicas e de
aprimoramento ético.
(A:CC/R:JA)
Sec:. Geral de Comunicação e Informática