Os jornais anunciam: “STF aprova aborto de anencéfalos”.
Não acho que tenha sido difícil chegar ao veredito. As explicações convencem:
Sem cérebro não há vida. A mãe espera por nove meses e passa por todas as
dificuldades de uma gravidez sabendo que o filho viverá apenas algumas horas
”(viverá? – Como se não tinha vida?) –
Polêmica à parte, cada qual tem sua opinião. Quem tem
ou teve um filho anencéfalo pode opinar com conhecimento de causa. Quem viveu a
experiência de um verdadeiro milagre em relação à vida de um filho não aceita
qualquer intervenção no sentido de abreviar a gravidez seja lá qual for o
motivo.
“Existem
mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia (Shakespeare)”.
Esse pensamento continua valendo. O mistério da vida não foi explicado pela ciência
até hoje, pelo simples fato de que não é possível explicar. É algo superior à
compreensão humana e parece que, apesar de toda inteligência permitida ao homem
que o faz quase um deus, capaz de sondar ares, terra e mares, recriar através
da clonagem e promover a evolução da ciência, no quesito vida não lhe foi
aberto ainda o cadeado.
A
compreensão das inteligências emocionais de que fala Daniel Goleman em seu
livro Inteligências Emocionais trouxe outro olhar para a pessoa humana,
especialmente na forma de educar. Essa descoberta é nova. Como era antes? – Não
era. Pois bem, agora sabemos mais sobre a inteligência humana, isso facilita o
processo de ensino aprendizagem.
Quem sabe lá no futuro, descobrir-se-á que o
anencéfalo tinha um motivo para existir, por que não?
Certa vez, em um congresso nacional de educação,
falando sobre as Inteligências Emocionais, o palestrante falou da oitava
inteligência, a Espiritual que, sabe-se que existe, porém para que seja aceita
precisa ser comprovada e a ciência não consegue comprovar. Mistério. Se é
mistério é porque a inteligência humana ainda não conseguiu compreender para
poder explicar. Se não há explicação, é melhor esperar até que se compreenda.
No caso em
questão, “aborto de anencéfalos”, apesar de todas as justificativas, entendo
como prematura a decisão. Não falo por conceitos rançosos ou radicais, mas pela
obscuridade que existe em torno do processo de criação. Entendo que a criação é
“direito autoral” do seu criador e mexer naquilo que tem dono fere o direito,
não o direito a que estamos acostumados, mas o direito que mora no mistério da
vida.
Cida Freitas – professora,
poetisa e escritora.
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