sexta-feira, 13 de abril de 2012

NA CONTRAMÃO DA VIDA





Os jornais anunciam: “STF aprova aborto de anencéfalos”. Não acho que tenha sido difícil chegar ao veredito. As explicações convencem: Sem cérebro não há vida. A mãe espera por nove meses e passa por todas as dificuldades de uma gravidez sabendo que o filho viverá apenas algumas horas ”(viverá? – Como se não tinha vida?) –
Polêmica à parte, cada qual tem sua opinião. Quem tem ou teve um filho anencéfalo pode opinar com conhecimento de causa. Quem viveu a experiência de um verdadeiro milagre em relação à vida de um filho não aceita qualquer intervenção no sentido de abreviar a gravidez seja lá qual for o motivo.
     “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia (Shakespeare)”. Esse pensamento continua valendo. O mistério da vida não foi explicado pela ciência até hoje, pelo simples fato de que não é possível explicar. É algo superior à compreensão humana e parece que, apesar de toda inteligência permitida ao homem que o faz quase um deus, capaz de sondar ares, terra e mares, recriar através da clonagem e promover a evolução da ciência, no quesito vida não lhe foi aberto ainda o cadeado.
     A compreensão das inteligências emocionais de que fala Daniel Goleman em seu livro Inteligências Emocionais trouxe outro olhar para a pessoa humana, especialmente na forma de educar. Essa descoberta é nova. Como era antes? – Não era. Pois bem, agora sabemos mais sobre a inteligência humana, isso facilita o processo de ensino aprendizagem.
Quem sabe lá no futuro, descobrir-se-á que o anencéfalo tinha um motivo para existir, por que não?
Certa vez, em um congresso nacional de educação, falando sobre as Inteligências Emocionais, o palestrante falou da oitava inteligência, a Espiritual que, sabe-se que existe, porém para que seja aceita precisa ser comprovada e a ciência não consegue comprovar. Mistério. Se é mistério é porque a inteligência humana ainda não conseguiu compreender para poder explicar. Se não há explicação, é melhor esperar até que se compreenda.
     No caso em questão, “aborto de anencéfalos”, apesar de todas as justificativas, entendo como prematura a decisão. Não falo por conceitos rançosos ou radicais, mas pela obscuridade que existe em torno do processo de criação. Entendo que a criação é “direito autoral” do seu criador e mexer naquilo que tem dono fere o direito, não o direito a que estamos acostumados, mas o direito que mora no mistério da vida.

                               Cida Freitas – professora, poetisa e escritora.

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