O mito em que repousa a existência
nacional, ainda mais poderoso por possuir uma realidade
histórica e certa, é o da saída do Egito (África) e da libertação. A Páscoa hebraica é a festa principal.
Ela recorda aos hebreus a dureza da escravidão sob o domínio do faraó (na grande realidade de
vários faraós), a grandeza de Moisés, o milagre de Ihaweh, o Deus libertador, e os benefícios da
liberdade (tesouro maior de um povo). Nunca, sem dúvida, o ideal da libertação foi vivido
com maior intensidade do que pelos hebreus. Aqui também estamos em presença de um fato global,
plenamente significativo: a Páscoa celebra a passagem da escravidão à liberdade, da angústia à alegria,
das trevas à luz, da morte à vida. Ela também consagra a derrota do faraó e de seu povo diante de
Moisés
e de seus escravos hebreus, ela manifesta-se assim, o triunfo de Iahweh Deus de Israel sobre os deuses
das nações. A Páscoa é vivida, aliás, todo ano como acontecimento contemporâneo. Cada era deve
libertar-se de seus faraós e viver o milagre de sua libertação. Cada pessoa em Israel sente-se
diretamente envolvida no acontecimento maior da vida nacional, que também é anunciador da libertação
absoluta, da última Páscoa messiânica.
histórica e certa, é o da saída do Egito (África) e da libertação. A Páscoa hebraica é a festa principal.
Ela recorda aos hebreus a dureza da escravidão sob o domínio do faraó (na grande realidade de
vários faraós), a grandeza de Moisés, o milagre de Ihaweh, o Deus libertador, e os benefícios da
liberdade (tesouro maior de um povo). Nunca, sem dúvida, o ideal da libertação foi vivido
com maior intensidade do que pelos hebreus. Aqui também estamos em presença de um fato global,
plenamente significativo: a Páscoa celebra a passagem da escravidão à liberdade, da angústia à alegria,
das trevas à luz, da morte à vida. Ela também consagra a derrota do faraó e de seu povo diante de
Moisés
e de seus escravos hebreus, ela manifesta-se assim, o triunfo de Iahweh Deus de Israel sobre os deuses
das nações. A Páscoa é vivida, aliás, todo ano como acontecimento contemporâneo. Cada era deve
libertar-se de seus faraós e viver o milagre de sua libertação. Cada pessoa em Israel sente-se
diretamente envolvida no acontecimento maior da vida nacional, que também é anunciador da libertação
absoluta, da última Páscoa messiânica.
Joel sabe que é livre pela graça de
Iahweh, seu deus. Ele está libertado de sua submissão aos mitos
e os mistérios pagãos, estar libertado dos panteões das nações e da multiplicidade de seus ídolos. Ele se
sente igualmente livre em relação à natureza, que não é mais conhecida como força cega e fatal. A
natureza também é uma criatura de Iahweh.
e os mistérios pagãos, estar libertado dos panteões das nações e da multiplicidade de seus ídolos. Ele se
sente igualmente livre em relação à natureza, que não é mais conhecida como força cega e fatal. A
natureza também é uma criatura de Iahweh.
Por isso, ela
deixa de ser temível: o homem, criado à imagem e semelhança de Iahweh, tem como
vocação dominá-la e cultivá-la. Mas ele não deve tornar-se escravo de seu próprio trabalho. Assim, o
descanso do sétimo dia liberta-o de sua submissão à obra de suas mãos. A lei o subtrai à tentação da
acumulação capitalista, proibindo o empréstimo a juros e ordenando a revisão do censo em épocas
fixas. O hebreu, enfim, é libertado por sua fé do ódio e do medo. Ele vive na sublime doçura da presença
divina, não tem medo da morte. Esta também será vencida. Ele se acha absolutamente reconciliado
com sua condição, daí a incrível alegria de sua vida.
vocação dominá-la e cultivá-la. Mas ele não deve tornar-se escravo de seu próprio trabalho. Assim, o
descanso do sétimo dia liberta-o de sua submissão à obra de suas mãos. A lei o subtrai à tentação da
acumulação capitalista, proibindo o empréstimo a juros e ordenando a revisão do censo em épocas
fixas. O hebreu, enfim, é libertado por sua fé do ódio e do medo. Ele vive na sublime doçura da presença
divina, não tem medo da morte. Esta também será vencida. Ele se acha absolutamente reconciliado
com sua condição, daí a incrível alegria de sua vida.
Nunca a alegria do homem foi cantada com
mais fervor, nem com mais gênio, do que pelos hebreus.
O Livro dos Salmos constitui o livro para sempre atual dos cânticos da felicidade da alma humana
(isto é lindíssimo) Trata-se de uma alegria densa, dura, iluminada pelas certezas de um conhecimento
iniciático, pela lucidez de uma visão imperecível.
O Livro dos Salmos constitui o livro para sempre atual dos cânticos da felicidade da alma humana
(isto é lindíssimo) Trata-se de uma alegria densa, dura, iluminada pelas certezas de um conhecimento
iniciático, pela lucidez de uma visão imperecível.
Mesmo nas horas mais decepcionantes e mais cruéis de sua
vida e de sua história, o hebreu sabe
que três momentos articulam o devir do home. A noite é deixada a iniqüidade do Réprobo, que o justo, na
oblação da sua alma, deve saber enfrentar até o martírio. No fim da noite, sobrevém o julgamento de Iahweh,
que assinala a inevitável derrota do Réprobo e garante o triunfo do Bem. A aurora sucede enfim à noite
e proclama a glória do reino messiânico. Quando a desgraça se abate, Joel sabe aguardar a hora da alegria.
que três momentos articulam o devir do home. A noite é deixada a iniqüidade do Réprobo, que o justo, na
oblação da sua alma, deve saber enfrentar até o martírio. No fim da noite, sobrevém o julgamento de Iahweh,
que assinala a inevitável derrota do Réprobo e garante o triunfo do Bem. A aurora sucede enfim à noite
e proclama a glória do reino messiânico. Quando a desgraça se abate, Joel sabe aguardar a hora da alegria.
Pois a vida cotidiana desses homens
cabeludos é consagrada à alegria de sua boda com Iahweh. Seus
dias são tecidos na alegria de sua Aliança, que seus poetas não cessam de celebrar numa liturgia sem fim.
Eles cantam o Deus transcendente e permanente que amam e a quem servem. Eles cantam toda a criação,
que é obra de suas mãos, o céu, a terra, os abismos admirados à luz de Deus. Uma extrema familiaridade
prende Joel à terra: ele sabe que é irmão do sol, das estrelas, da lua, dos animais que o cercam. Ele canta
até não poder mais a criação e sua obra-prima – o home -, seu corpo, sua alma, seu gênio. Ele canta,
enfim, o amor que reveste sua morada. E o Cântico dos Cânticos, escrito a gloria da vida amorosa do
casal, enfim libertado, é, de certa forma, o canto nacional dos hebreus.
dias são tecidos na alegria de sua Aliança, que seus poetas não cessam de celebrar numa liturgia sem fim.
Eles cantam o Deus transcendente e permanente que amam e a quem servem. Eles cantam toda a criação,
que é obra de suas mãos, o céu, a terra, os abismos admirados à luz de Deus. Uma extrema familiaridade
prende Joel à terra: ele sabe que é irmão do sol, das estrelas, da lua, dos animais que o cercam. Ele canta
até não poder mais a criação e sua obra-prima – o home -, seu corpo, sua alma, seu gênio. Ele canta,
enfim, o amor que reveste sua morada. E o Cântico dos Cânticos, escrito a gloria da vida amorosa do
casal, enfim libertado, é, de certa forma, o canto nacional dos hebreus.
Sua alegria não é cega. Ela conhece o peso
de carne e de sangue do homem, seus limites e a tragédia
real de sua condição.
real de sua condição.
Mas ela se nutre, nisso, de lúcida esperança: o homem deve confiar em Iahweh
até a hora da plena libertação...
Cinco sinônimos aparecem na Bíblia para
designar a esperança do homem. Iahweh é o verdadeiro nome
da esperança e é por isso que, mesmo em face da morte, não é vão ter esperança. A esperança é um vínculo
vivo tecido entre o deus da libertação e Israel, à espera das realidades escatológicas em que a ordem real
do mundo será restabelecida para sempre na verdade do amor e na plenitude da paz.
da esperança e é por isso que, mesmo em face da morte, não é vão ter esperança. A esperança é um vínculo
vivo tecido entre o deus da libertação e Israel, à espera das realidades escatológicas em que a ordem real
do mundo será restabelecida para sempre na verdade do amor e na plenitude da paz.
SHALOM!
José Epitácio Carneiro (C.P.G.)
(Abhohad Zhohah)
Extraído do Livro os
Homens da Bíblia – Autor André Chouraqui – p. 288 a 290
Editora Companhia Das
Letras/Círculo do Livro.
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