1 - A Raça:
O povo
espanhol se origina de uma complexa fusão de raças. Diversas migrações de povos
orientais, muitos séculos antes da era vulgar, vieram ter como terminal das
suas incursões o solo espanhol, formando-se aí inúmeras tribus, tão diversas
pela origem e pela língua, como pelos usos e costumes.
A - Os Íberos e Celtiberos:
Aos poucos
predominaram os ÍBEROS, originários da Ásia, recebendo então o território a
denominação de IBÉRIA. Os íberos parecem ter chegado a essa região pelo onze
séculos antes da era cristã, pelo que já eram, havia muito, senhores
daqueles vastos domínios, quando a eles chegaram os celtas. Celtas, os novos invasores, e íberos empenharam-se em duas lutas, acabando, porém, fundindo-se numa só raça e nação, a que os romanos deram o nome de CELTIBERA.
daqueles vastos domínios, quando a eles chegaram os celtas. Celtas, os novos invasores, e íberos empenharam-se em duas lutas, acabando, porém, fundindo-se numa só raça e nação, a que os romanos deram o nome de CELTIBERA.
B - Origem dos nomes Espanha e Hespéria:
Os fenícios, aida na antiguidade, nas suas
excursões comerciais pelos mares, aportaram à Espanha e, entrando em contacto
com esses celtiberos, deram pela primeira vez o nome de SPANJAH ao país,
palavra oriunda de SAPHAN, que
significa COELHO.
significa COELHO.
Mais
tarde, os gregos, atraídos pelas riquezas do país, bordaram o litoral de
inúmeras colônias, e chamavam ao território DESPÉRIA, isto é, região ocidental,
e aos habitantes, HESPÉRIOS, isto é, povo do poente.
C - Os Romanos?
Com os gregos tinha vindo também os
cartagineses, desejosos de expandir os seus domínios. Aliaram-se com algumas tribus
nativas e levaram as sua fronteiras até às margens do Ebro. É quando os romanos
se transportam para a Espanha,
conseguindo, ao tempo da segunda Guerra Púnica, depois de duras lutas, expulsar definitivamente os cartineses do território.
conseguindo, ao tempo da segunda Guerra Púnica, depois de duras lutas, expulsar definitivamente os cartineses do território.
Conquistadores e senhores absolutos da nova terra, conservaram sob seu
poder toda a Ibéria, por espaço de seiscentos anos.
"Como
na Gália, imprimiu Roma na Espanha indelével cunho, ainda hoje visível na
magnificência de seus derrocados monumentos. Religião, governo, língua e
usanças nacionais desapareceram ou antes fundiram-se na ampla unidade romana.
De tal modo consubstanciou-se o gênio espanhol no de seus dominadores que no período da decadência da literatura latina foram os dois Sênecas, Lucano, Marcial, Floro e Quintiliano os que modularam com cadência e pureza o belo idioma que havia
falado Ovídio, Vergílio (Virgílio), Horácio, César e Cícero.
De tal modo consubstanciou-se o gênio espanhol no de seus dominadores que no período da decadência da literatura latina foram os dois Sênecas, Lucano, Marcial, Floro e Quintiliano os que modularam com cadência e pureza o belo idioma que havia
falado Ovídio, Vergílio (Virgílio), Horácio, César e Cícero.
D - Os Visigodos:
A dominação romana devia desaparecer no século
V, ao choque violento dos bárbaros vindos do norte. SUEVOS e VÂNDALOS, ALANOS e
VISIGODOS esmagam o império dos Césares e se estabelecem também no território
espanhol.
Dessas hordas bárbaras, a última a chegar foi os VISIGODOS, que aí fundaram um império autônomo.
Dessas hordas bárbaras, a última a chegar foi os VISIGODOS, que aí fundaram um império autônomo.
"Os visigodos - escreve Fauriel - eram
menos bárbaros que os bandos selvagens aos quais substituíram: faltava-lhes o
feroz instinto de destruição que caracterizavam os outros conquistadores, como,
por exemplo, os SUEVOS. Não pretenderam mais que a superioridade política sobre
sobre o país conquistado ao qual deixaram o libérrimo uso da língua e costumes,
mostrando-se antes dispostos a tomar-los do que imprô-lhes os seus próprios;
e se a civilização romana pereceu durante o seu domínio não foi
porque assim o quisessem eles, mais unicamente pelo ascendente natural e involutário
da barbaria".
Mas o
império visigótico durou pouco: o povo entregara-se aos prazeres e, corrompido,
fraco, não pudera resistir a uma nova invasão do território espanhol - a
invasão dos ÁRABES, que se deu no ano 711. Esboroa-se o trono de RODERICO aos
golpes de CIMITARRA MUÇULMANA, empunhada apenas por doze mil homens, na batalha de GUADALETE. Tal eara a miséria moral que lavrava no império! Os descontentes, os oprimidos, os servos covardes, foram esses os que mais contribuíram
para a ruína do primeiro império visigótico.
golpes de CIMITARRA MUÇULMANA, empunhada apenas por doze mil homens, na batalha de GUADALETE. Tal eara a miséria moral que lavrava no império! Os descontentes, os oprimidos, os servos covardes, foram esses os que mais contribuíram
para a ruína do primeiro império visigótico.
E - Os Árabes:
Novos conquistadores, os árabes se
dissiminaram pela Espanha e fizeram dela a sua segunda pátria. A fertilidade do
solo, as belezas naturais da terra a magnificência definitiva dos monumentos
romanos, tudo os convidava a uma permanência
definitivae e os estimulava a continuar, melhorando-a, aquela civilização. Em Córdova, que se tornou rival de Bagdad (Iraque), estabeleceu-se em 756 a dinastia dos OMMÍADAS, que havia sido destronada de Damasco (Síria) pelos Abássidas. Os
Ommíadas exerceram o califado na península até 1301. Os monumentos árabes erguidos na Espanha, durante esse tempo, ainda hoje podem, na sua maior parte, ser admirados, testemunhando eles os pendores artisticos, o gosto e a inteligência
da raça. Foram os árabes os que mais funda impressão deixaram na feição moral e estética do povo espanhol.
definitivae e os estimulava a continuar, melhorando-a, aquela civilização. Em Córdova, que se tornou rival de Bagdad (Iraque), estabeleceu-se em 756 a dinastia dos OMMÍADAS, que havia sido destronada de Damasco (Síria) pelos Abássidas. Os
Ommíadas exerceram o califado na península até 1301. Os monumentos árabes erguidos na Espanha, durante esse tempo, ainda hoje podem, na sua maior parte, ser admirados, testemunhando eles os pendores artisticos, o gosto e a inteligência
da raça. Foram os árabes os que mais funda impressão deixaram na feição moral e estética do povo espanhol.
"Bem certo é - escreve F. Pinheiro - que
os cristãos refugiados nas montanhas das Astúrias, sob o mando dos príncipes visigodos,
guardaram piedosamente culto, tradições e língua. mas não é menos certo que o
restante da nação se confundiu
com os árabes tanto quanto lhe permitiu a radical diferença das respectivas religiões.
Tão completa era a fusão das duas raças, que já no décimo século, para conservar a verdadeira tradição da Igreja, viu-se obrigado o bispo de Sevilha, João, a mandar traduzir e comentar a Bíblia em árabe; visto como a maior parte dos fieis não
compreeendia o latim.
com os árabes tanto quanto lhe permitiu a radical diferença das respectivas religiões.
Tão completa era a fusão das duas raças, que já no décimo século, para conservar a verdadeira tradição da Igreja, viu-se obrigado o bispo de Sevilha, João, a mandar traduzir e comentar a Bíblia em árabe; visto como a maior parte dos fieis não
compreeendia o latim.
Repetidas
vezes encontra-se nos historiadores a expressão MOZÁRABES ou MOÇARÁBE (do árabe
MUSTOARABI, isto é, estrangeiro. Cristão sujeito aos muçulmanos) designando os
cristãos que haviam adotado a língua e o traje dos muçulmanos:
constituiam eles as classes média e íntima da população, que foram pouco a pouco cedendo passo à aristrocracia formada pelos guerreiros vencedores dos árabes. Entre estes mesmos alguns houve, como Servando, Samuel e Hortogesis que, deslumbrados pelas graças da civilização oriental, filiaram-se em sua literatura, e aceitaram governos e postos importantes na côrte de Córdova; enquanto que os plebeus, estreitamente vinculados ao clero mantinham o uso do latim, degenerando e convertido em idioma vulgar.
Depois de instituído o califado de Córdova, começam terríveis lutas entes este e os cristãos fixados nas Astúrias, lutas que se prolongaram até os século XV ou, mais precisamente,a té o ano de 1492, data da tomada de Granada e da expulsão dos
MOUROS da Peninsula Ibérica por Fernando, então rei de Aragão e Castela. No período a decorrer daquelas lutas, os cristãos haviam conseguido fundar alguns reinos, como Aragão, Castela, Leão (deste veio Portugal) e Navarra, que equipararam-se em
força com os muçulmanos. Depois da expulsão destes, a Espanha pôde ascender ao seu apogeu e estender as suas colônias, nos reinados de Carlos V (era este o monarca espanhol que quando Francisco Orellana descera o Grande Rio das Amazonas)
e de Filipe II (foi no período deste Monarca que Portugal ficara sob sua égide de 1580 as 1640, assim com todas as Colônias de língia portuguesa, inclusive, o Brasil).
Através de todas essas vicissitudes, dessa sucessão de raças dispares sob tudo o ponto de vista, do caldeamento inevitável, pode-se fazer uma ideia da complexidade dos elementos étnicos que contribuíram para a formação da raça
espanhola, - já não dizemos da de hoje, - do décimo terceiro século, quando começa a verdadeira literatura nacional, que teve o nascimento em Castela, O Estado mais importante.
constituiam eles as classes média e íntima da população, que foram pouco a pouco cedendo passo à aristrocracia formada pelos guerreiros vencedores dos árabes. Entre estes mesmos alguns houve, como Servando, Samuel e Hortogesis que, deslumbrados pelas graças da civilização oriental, filiaram-se em sua literatura, e aceitaram governos e postos importantes na côrte de Córdova; enquanto que os plebeus, estreitamente vinculados ao clero mantinham o uso do latim, degenerando e convertido em idioma vulgar.
Depois de instituído o califado de Córdova, começam terríveis lutas entes este e os cristãos fixados nas Astúrias, lutas que se prolongaram até os século XV ou, mais precisamente,a té o ano de 1492, data da tomada de Granada e da expulsão dos
MOUROS da Peninsula Ibérica por Fernando, então rei de Aragão e Castela. No período a decorrer daquelas lutas, os cristãos haviam conseguido fundar alguns reinos, como Aragão, Castela, Leão (deste veio Portugal) e Navarra, que equipararam-se em
força com os muçulmanos. Depois da expulsão destes, a Espanha pôde ascender ao seu apogeu e estender as suas colônias, nos reinados de Carlos V (era este o monarca espanhol que quando Francisco Orellana descera o Grande Rio das Amazonas)
e de Filipe II (foi no período deste Monarca que Portugal ficara sob sua égide de 1580 as 1640, assim com todas as Colônias de língia portuguesa, inclusive, o Brasil).
Através de todas essas vicissitudes, dessa sucessão de raças dispares sob tudo o ponto de vista, do caldeamento inevitável, pode-se fazer uma ideia da complexidade dos elementos étnicos que contribuíram para a formação da raça
espanhola, - já não dizemos da de hoje, - do décimo terceiro século, quando começa a verdadeira literatura nacional, que teve o nascimento em Castela, O Estado mais importante.
II - A Língua:
A língua que se falava na Espanha, antes da
conquista árabe, era o ROMANCE, isto é, o SERMO VULGAREIS ROMANUS ou latim
vulgar adulterado pela contribuição vocabular ídigena. As mais importantes
modificações desse latim, que se transformou
no romance, repousam na contribuição da língua dos GODOS. Com o temo e a supremacia política dos árabes, essas modificações se acentuaram tomando a língua falada pelo povo uma feição característica, por influência do elemento árabe.
O árabe chegou a dominar por algum tempo tão fortemente, que a maior parte do povo só falava e entendia essa língua.
no romance, repousam na contribuição da língua dos GODOS. Com o temo e a supremacia política dos árabes, essas modificações se acentuaram tomando a língua falada pelo povo uma feição característica, por influência do elemento árabe.
O árabe chegou a dominar por algum tempo tão fortemente, que a maior parte do povo só falava e entendia essa língua.
Mas, pouco a pouco, a reação se foi fazendo, até atingir o seu ponto
culminante com a criação de novos reinos pelos cristãos.
Em igualdade de forças, árabes e cristãos, puderam estes impor a
língua, que se pode dizer nacional.
É de admirar que, num país onde sobreviviam
tantos grupos étnicos, pudesse se dar tamanha unidade linguística, como a que
se verifica com o ROMANCE espanhol, aceito e falado então por todos. Os árabes
conquistadores eram o inimigo comum:
derrotar esse inimigo era o desejo de todos, de godos e romanos. E ligaram-se estes então, pela restauração da terra que consideravam sua, envolvendo essa comunhão de nacionalidade, de ideias e de esforços a comunhão de língua.
derrotar esse inimigo era o desejo de todos, de godos e romanos. E ligaram-se estes então, pela restauração da terra que consideravam sua, envolvendo essa comunhão de nacionalidade, de ideias e de esforços a comunhão de língua.
E do concurso de todos esses elementos
resultou uma língua nobre e singela, abundante e sonora, tão melodiosa,
que Carlos V (Monarca espanhol) chegou a dizer, certa vez, que nenhuma
linguagem havia mais apta, que a IBÉRICA para falar
a DEUS. Efetivamente, o castelhano foi a língua da fé e do amor, a sublime e admirável línguas da poesia.
a DEUS. Efetivamente, o castelhano foi a língua da fé e do amor, a sublime e admirável línguas da poesia.
O ROMANCE,
chamado a princípio ESPANHOL, - do nome com que fenícios, em pristina era,
haviam apelidado o povo CELTIBÉRICO, - tomou a designação de CASTELHANO, quando
o dialeto de Castela, o primeiro se tornou língua leterária,
se sobrepôs aos demais, logo depois da expulsão dos muçulmanos da Peninsula Ibérica.
se sobrepôs aos demais, logo depois da expulsão dos muçulmanos da Peninsula Ibérica.
José Epitácio Carneiro (C.P.G.)
(Abhohad Zhohah)
Fonte: Dos livros históricos sobre as grandes civilizações e as origens linguísticas.
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