quarta-feira, 18 de julho de 2012

O DOM ESQUECIDO

                                                                        


     Centralizara-se geral atenção em torno de curiosa palestra referente aos dons com que o Céu aquinhoa as almas, na Terra, quando o Senhor comentou, paciente:
     -Existiu um homem banhado pela graça do merecimento, que recebeu do Alto a permissão de abeirar-se do Anjo Dispensador dos dons divinos que florescem no mundo.
    "Ante o Ministro celeste, o mortal venturoso pediu a bênção da MOCIDADE.

    “Recebeu a concessão, mas, em breve, reconheceu que a juventude poderia ser força e beleza, mas também era inexperiência e fragilidade espiritual e, já desinteressado, voltou ao Doador sublime e solicitou-lhe a RIQUEZA.

    "Conseguiu a abastança e gozou-a longo tempo. reparou com retenção de grandes patrimônios provoca a inveja maligna de muitos. Cansando na defesa laboriosa dos próprios bens, procurou o anjo e rogou-lhe a LIBERDADE.

    "Viu-se realmente livre. No entanto, foi defrontado por cruéis demônios invisíveis que lhe perturbaram a caminhada, enchendo-lhe a cabeça de inquietudes e tentações.
    "Extenuado na posse da nova dádiva e revestiu-se de grande autoridade. Entendeu, porém, mais cedo que esperava que o mando gerasse ódio e revolta nos corações preguiçosos e incompreensíveis e, atormentado pelos estiletes da indisciplina e da discórdia, dirigiu-se ao Benfeitor e implorou-lhe a INTELIGÊNCIA.

     “Todavia, na condição de cientista e homem de letras, perdeu o resto da paz que desfrutava”. Compreendeu, depressa,  que não lhe era possível semear a realidade de acordo com os seus desejos. Para não ser vítima da reação destruidora dos próprios beneficiados, era compelido a colocar um grão de verdade entre MIL FLORES DE FANTASIA PASSAGEIRA e, longe de acomodar-se à situação, tornou à presença do Anjo e pediu-lhe o PATRIMÔNIO FELIZ.
     “Satisfeito  em seu novo desígnio, reconfortou-se em milagroso ninho doméstico, estabelecendo graciosa família, mas, um dia, apareceu a morte e roubou-lhe a companheira”.
     “Angustiado pela viuvez, procurou o Ministro do Eterno e, afirmando que se equivocara, mais uma vez, suplicou-lhe a graça da SAÚDE”.
     “Recebeu a concessão”. Entretanto, logo que se escoaram alguns anos, surgiu a VELHICE e DESFIGUROU-LHE O CORPO, desgastando-o e enrugando-o sem compaixão.
    “Atormentado e incapaz agora de ausentar-se de casa, o ANJO AMIGO veio ao encontro dele e, abraçando-o, partenal, indagou que novo DOM pretendia do Alto”.
    “O infeliz declarou-se em falência”.
    “Que mais poderia pleitear”?
     "Foi então que o glorioso Mensageiro lhe explicou que ele, o candidato à felicidade, SE ESQUECERA DO MAIOR DE TODOS OS DONS QUE PODE SUSTENTAR UM HOMEM NO MUNDO, O DOM DA CORAGEM - que produz entusiasmo e bom ânimo para o serviço indispensável de cada dia...".
    “Jesus Cristo interrompeu-se por alguns minutos; depois”. sorrindo ante a pequena assembleia, rematou:
    -Formosa é a MOCIDADE, agradável é a FORTUNA. admirável é a LIBERDADE, santo é o CASAMENTO VENTUROSO, bendita
é a SAÚDE DA CARNE, mas se o homem não possuir CORAGEM para sobrepor-se aos bens e males da vida humana, a fim de aprender a consolidar-se no caminho para Deus, de pouca utilidade são os dons temporários na experiência transitória.
     E, tomando ao colo um dos meninos presentes, indicou-lhe o firmamento estrelado, como a dizer que somente no Alto a felicidade perene das criaturas encontraria a verdadeira pátria.

                                                           

                                                         Chico Xavier                       

      
Extraído do Livro JESUS NO LAR - p. 115 a 118.

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