quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sócrates e o Oráculo



 Um amigo de infância, chamado Querofonte, impressionado com a conduta e os modos exemplares de Sócrates, resolveu dirigir-se ao oráculo do Templo de Delfos. Ali arriscou uma consulta, e perguntou se havia algum homem mais sábio do que Sócrates. A resposta foi afirmativa:
"De todos os homens vivos, Sócrates é o mais sábio",
disse o oráculo, segundo Diógenes Laércio.
Querofonte correu para dar a boa notícia a Sócrates. Quando Sócrates a ouviu, custou a acreditar. Não podia ser verdade. Talvez houvesse algum sentido oculto no oráculo. Ao pé da letra, não podia ser verdade, e ele poderia prová-lo. Ele sabia que era um homem bom e justo, mas daí a supor que fosse o homem mais sábio de todos ia uma distância enorme. Ao contrário, ele tinha uma firme impressão de não ser um homem que soubesse muito.
"Eu sei que não sou um sábio",
dizia Sócrates.
"Como poderia, então, eu não só afirmar o contrário, como ainda por cima supor que sou o homem mais sábio de todos os homens vivos?"
 "Mas, de qualquer forma, não será difícil descobrir a verdade",
continuou Sócrates.
"Vou conversar com os homens sábios e interrogá-los.
Suas respostas serão uma prova viva de que há alguém, e vários, mais sábios do que eu".
Foi assim que Sócrates começou a procurar as primeiras pessoas para conversar com elas e fazer-lhe perguntas. Com isto, porém, tal como uma criança inocente, ele desejava simplesmente entender o oráculo de Delfos a seu respeito.
Para sua surpresa, não conseguiu encontrar nenhum sábio, mesmo entre aqueles que ostentavam sê-lo. Ao contrário, descobriu as profundas ilusões a respeito da vida e do homem sobre as quais se baseiam as vidas da maioria de todos nós. Foi a partir desta descoberta que Sócrates iniciou o seu magistério e teve que reconhecer que, afinal de contas, o oráculo tinha razão, pois ele não era um sábio, mas pelo menos estava consciente da extensão de sua ignorância, enquanto os demais nem isto sabiam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário