Um amigo de infância,
chamado Querofonte, impressionado com a conduta e os modos exemplares de
Sócrates, resolveu dirigir-se ao oráculo do Templo de Delfos. Ali arriscou uma
consulta, e perguntou se havia algum homem mais sábio do que Sócrates. A
resposta foi afirmativa:
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"De todos os homens vivos, Sócrates
é o mais sábio",
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disse o oráculo, segundo Diógenes
Laércio.
Querofonte correu para dar a boa
notícia a Sócrates. Quando Sócrates a ouviu, custou a acreditar. Não podia ser
verdade. Talvez houvesse algum sentido oculto no oráculo. Ao pé da letra, não
podia ser verdade, e ele poderia prová-lo. Ele sabia que era um homem bom e
justo, mas daí a supor que fosse o homem mais sábio de todos ia uma distância
enorme. Ao contrário, ele tinha uma firme impressão de não ser um homem que
soubesse muito.
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"Eu sei que não sou um
sábio",
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dizia Sócrates.
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"Como poderia, então, eu não só
afirmar o contrário, como ainda por cima supor que sou o homem mais sábio de
todos os homens vivos?"
"Mas, de
qualquer forma, não será difícil descobrir a verdade",
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continuou Sócrates.
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"Vou conversar com os homens
sábios e interrogá-los.
Suas respostas serão uma prova viva de
que há alguém, e vários, mais sábios do que eu".
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Foi assim que Sócrates começou a
procurar as primeiras pessoas para conversar com elas e fazer-lhe perguntas.
Com isto, porém, tal como uma criança inocente, ele desejava simplesmente
entender o oráculo de Delfos a seu respeito.
Para sua surpresa, não conseguiu
encontrar nenhum sábio, mesmo entre aqueles que ostentavam sê-lo. Ao contrário,
descobriu as profundas ilusões a respeito da vida e do homem sobre as quais se
baseiam as vidas da maioria de todos nós. Foi a partir desta descoberta que
Sócrates iniciou o seu magistério e teve que reconhecer que, afinal de contas,
o oráculo tinha razão, pois ele não era um sábio, mas pelo menos estava
consciente da extensão de sua ignorância, enquanto os demais nem isto sabiam.
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