A
Família.
Alberto Eiguer, psicanalista francês, em
seus livros “Um Divã para a Família” e "O Parentesco Fantasmático" estabelece alguns
“organizadores” que orientam a escolha de parceiro. Para ele, os casamentos e,
por extensão, a família, se estruturam por mecanismos inconscientes ligados às
primeiras experiências de vinculação.
Alberto Eiguer edifica um
modelo de vínculos intersubjetivos narcísicos e objetais, do qual emergirá a
representação do antepassado que desperta identificações cheias ou ocas,
estruturantes ou aniquiladoras. E assim, mostra que doravante faz-se necessário
- se admitirmos que o sujeito utiliza-se do outro como defesa, como fonte e
motor de seu imaginário - pensar a família em termos de
"transgeração" e "mito familial". Afirma que “os objetos
parentais constituem o núcleo do inconsciente
familiar”, para o bem e para o mal, pensa o psiquiatra e psicanalista Cláudio
Costa.
“Para Eiguer, são três
organizadores: 1) Escolha de objeto; 2) as vivências do “eu familiar” e sentimentos de pertença”;
3) o romance familiar, vivido na primeira infância, representando
uma imagem idealizada dos pais.
Podemos então, definir família como um conjunto
invisível de exigências funcionais que organiza a interação dos membros da
mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de
padrões transacionais. Assim, no interior da família, os indivíduos podem
constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo,
interesse e/ ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os
comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A família
como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento,
diferindo em nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes
universais (MINUCHIN, 1990).
A família assume uma
estrutura característica. Por estrutura entende-se, “uma forma de organização
ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de maneira
específica e recorrente” (WHALEY e WONG, 1989; p. 21). Deste modo, a
estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em
posições, socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente
também ela, socialmente aprovada. A família pode então, assumir uma estrutura nuclear
ou conjugal, que consiste em duas pessoas adultas (tradicionalmente uma
mulher e um homem) e nos seus filhos, biológicos ou adotados, habitando num
ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de
adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário.
Existem também famílias com
uma estrutura de pais únicos ou monoparental,
tratando-se de uma variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos
sociais, como o divórcio, óbito,
abandono de lar, ilegitimidade ou adopção de crianças por uma só pessoa.
A família ampliada ou
extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais ampla,
que consiste na família nuclear, mais os parentes directos ou colaterais,
existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e
netos.
Para além destas estruturas,
existem também as por vezes denominadas de famílias
alternativas, estando entre estas as famílias comunitárias e
as famílias arco-íris,
as constituídas por pessoas LGBT - lésbicas, gays,
bissexuais ou transgênicos - e os seus filhos.
As famílias
comunitárias, ao contrário dos sistemas familiares tradicionais,
onde a total responsabilidade pela criação e educação das crianças se cinge aos
pais e à escola, nestas famílias, o papel dos pais é descentralizado, sendo as
crianças da responsabilidade de todos os membros adultos.
Quanto ao tipo de relações
pessoais que se apresentam numa família, LÉVI-STRAUSS (cit. por PINHEIRO,
1999), refere três tipos de relação. São elas, a de aliança (casal), a de
filiação (pais e filhos) e a de consanguinidade (irmãos). É nesta relação de
parentesco, de pessoas que se vinculam pelo casamento ou por uniões sexuais,
que se geram os filhos.
Segundo ATKINSON e MURRAY
(cit. por VARA, 1996), a família é um sistema social uno, composto por um grupo
de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciado,
consubstancia o funcionamento do sistema como um todo. O conceito de família,
ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções, como
se têm vindo a verificar.
Em todas as famílias,
independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou tem
determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo
orientados por papéis. Papéis estes, que não são mais do que, “as
expectativas de comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados
a uma dada posição na família ou no grupo social” (DUVALL; MILLER cit. por
STANHOPE, 1999; p. 502).
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